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Plataformas desenvolvem suas estratégias de uso em IA

Hello, Hello!

de volta em Stanford, com o Guilherme Lichand e Sassaki, para mais uma temporada de aulas. As aulas começaram semana passada e já tivemos interações extremamente interessantes.

A primeira foi com os product managers das duas maiores plataformas de ensino do mundo – Uriel Kejsefman e Eirene Chen – ambos Senior Product Manager – do Duolingo e Khan Academy, respectivamente. A segunda foi com Sara Cadwell, head de Customer Success do Open AI.

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Durante as conversas, sempre priorizamos temas comuns do setor e centrais no momento, são eles: (i) impacto da tecnologia e o potencial aumento da desigualdade social e econômica, (ii) possibilidade de escala e democratização de IA e (iii) mudanças na dinâmica, construção de produtos e barreiras de entrada.

 
Ambas as plataformas desenvolvem suas estratégias de uso em IA para a melhorar experiência e o engajamento.

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Ambas as plataformas desenvolvem suas estratégias de uso de IA para melhorar a experiência e o engajamento e todos os seus produtos lançados foram desenvolvidos em cima dos Foundational models do Open AI –, ou seja, com a integração de ferramentas de IA generativa e bots para possibilitar a interação e o feedback instantâneo. Elas também usam IA em seus processos internos de desenvolvimento de produto: criação de protótipos e possibilidade de testes em larga escala de conteúdos, bem como novas ferramentas.

Ao longo desses anos, o Duolingo por exemplo, competiu com uma séries de soluções para ensino de línguas e ganhou protagonismo ou The Right to Win por causa da obsessão em aprimorar constantemente suas estratégias de engajamento. O principal desafio das plataformas de ensino, hoje, é competir com o TikTok por tempo e atenção. Eles precisam reter pelo menos 20-30 minutos ininterruptos de seus usuários diariamente. E o Duolingo conseguiu esta façanha.

E como ele fez? Usando IA. Foi com a inteligência artificial que a plataforma conseguiu acelerar a estratégia de constante desenvolvimento de novas funcionalidades e melhoria na experiência do usuário. Este processo segue dois princípios fundamentais: (i) gamificação: tornar o aprendizado divertido e (ii) motivação: 80% dos exercícios propostos devem estar dentro da zona de conforto dos alunos.

Com isso, o Duolingo e a Kahn Academy, ao usar tática semelhante, garantem que os alunos estejam sempre estimulados e engajados no aprendizado.

 
 
No total de 8 rodadas, o Duolingo captou US$ 183 milhões

E quanto de retorno estas empresas que focam em educação deram aos seus primeiros investidores? No total de 8 rodadas, o Duolingo captou US$183MM e fez IPO em 2021, 10 anos depois da sua primeira rodada. Analisando os dados disponíveis das rodadas e do IPO, estimo que os investidores da Série A tiveram retorno entre 80-100x sobre o investimento nesses 10 anos.

Continuando a nossa aula, a conversa com a Sara manteve o alto nível de trocas de conhecimento que temos em Stanford. Exploramos estratégia e recursos que o Open AI disponibiliza para clientes corporativos e, em especial, como funciona essas contratações no setor de educação.

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Como mencionei anteriormente, ambos Duolingo e Kahn Academy são exemplos de parcerias com o Open AI.

O que estamos presenciando – e os cases citados aqui ilustram esse momento – é a transição do uso de AI como ferramentas acessórias no aumento de produtividade para o uso de aplicações nativas presentes no core de desenvolvimento de produto. Como analogia, estamos falando de uma transição onde as aplicações de IA funcionariam como um assistente e, hoje, passaram a ocupar a cadeira de um profissional senior.

Essa transição também está correlacionada com o uso de dois produtos que o Open AI disponibiliza – o Chat GPT, que todos conhecem, e as APIs. Para facilitar a adoção de IA especialmente em desenvolvimento de produtos, o Open AI criou o GPT Builder – uma interface que permite que o usuário/cliente B2B (i) alimente e treine o modelo com dados específicos e parâmetros pré-definidos; (ii) integre esse modelo treinado em vários aplicativos – chatbots e sistemas de geração de conteúdo por exemplo; (iii) e monitore esse processo de treinamento para avaliar o desempenho do modelo e ajustar seus resultados.

 
 
 
Não há nada mais transformador e próspero do que a escola

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E por fim, ao refletir sobre esses dois cases gigantescos construindo soluções com o Chat GPT e usando as APIs, perguntei a Sara como ela vislumbra o ecossistema que pode ser criado ao redor do Open AI para educação. Ao descrever sua visão de ecossistema, Sara mencionou que uma das coisas que mais a entusiasma no curto prazo é que o Open AI e ferramentas disponíveis permitirão que professores, pedagogos, experts e pesquisadores, construam ferramentas para uso em sala de aula e não dependam de pessoas com formação técnica de computação. Isso não só garante que o produto esteja mais aderente à realidade das salas de aulas como também reduzirá demais o ciclo de construção e concepção de uma solução.

A possibilidade de acesso e construção de produtos por profissionais de educação somados com a possibilidade de personalização de aprendizagem são dois pontos mais salientados por Sara. Em sua visão (e na minha também) não há nada mais transformador e próspero do que a escola, só precisamos garantir que todos, que ali frequentem, consigam vivenciar boas experiências.

E ao extrapolar para outros setores e outros casos de uso, fica ainda mais claro pra mim que, no mundo pós Chat GPT e outros foundational models, o grande diferencial de soluções de tecnologia e o que vai garantir sustentabilidade no longo prazo, não é o produto em si, mas sim, ecossistemas. Ser a plataforma central é o que possibilita barreiras de entrada mais sustentáveis, principalmente pela possibilidade de melhoria da experiência dos diversos usuários e stakeholders. Como investidora, vislumbrar a possibilidade de construir este ecossistema ao redor destas empresas é um dos critérios mais importantes quando eu olho para uma oportunidade de investimento. E ainda mais relevante em países emergentes onde a adoção de tecnologia no B2B é mais lenta.

Entre as empresas nas quais investi, várias se basearam nesta estratégia de ajudar seus clientes a usar a ferramenta e extrair mais valor da tecnologia, como a Cayena e a Destaxa, e outras entenderam a importância dos ecossistemas para complementar a oferta de serviços, como a Estoca e a Traive. Se quiser saber mais sobre esta tese e entender os possíveis retornos destes investimentos, vamos conversar!

Vamos juntos?

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