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Construir e, principalmente, manter relacionamentos

Hello, Hello!

É muito difícil descrever com palavras certas experiências, mas quero contar aqui o que vivi nas últimas duas semanas porque está diretamente relacionado ao porquê de eu ter escolhido o VC como jornada de vida.

Semana passada foi a minha estreia como Entrepreneur in Residence (EIR) em Stanford. Fui convidada por dois grandes amigos e companheiros de trajetória, Guilherme Lichand e Cláudio Sassaki, para criarmos em conjunto o curso “How Will AI Change the EdTech Industry? Challenges & Opportunities Based on Real Business Cases”. Além de toda a honra de participar deste momento, tive a oportunidade de validar algumas lições já sabidas e que merecem ser sempre revisitadas.

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Construir e, principalmente, manter relacionamentos. São eles que nos levam a lugares inimagináveis, especialmente em VC.

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Para quem não conhece, o Guilherme é empreendedor e fundador da Movva (eu descrevi o case da Movva na Edição #002 da Nido e falarei ainda mais nesta edição). Atualmente ele dá aula na Stanford Graduate School of Education (GSE) e contribui significativamente, trazendo muito valor, como presidente do conselho e investidor da Movva.

A Movva é uma EdTech que quer melhorar a experiência do estudante universitário para, entre outras coisas, reduzir evasão. Ela já está presente em 4 instituições de ensino e trabalha com uma base de 80 mil alunos. Só nos últimos 6 meses, a Movva evitou cerca de 20% da evasão em instituições de diferentes perfis!

Já o Cláudio Sassaki, que é também EIR em Stanford, fundou a Geekie – uma das EdTechs de maior impacto em educação no mundo. Fundada em 2011, foi vendida dez anos depois. A Geekie auxiliou 12 milhões de alunos a melhorar sua performance no Enem e vestibulares em geral e provou que consegue equiparar a qualificação dos alunos da rede pública com os da rede privada. E a Geekie conseguiu todo esse resultado antes da IA ser tecnologia disponível e difundida. Imagine o que poderia ser feito hoje?

 
 
Não julgar a origem e ter humildade para ouvir.

Falar em Stanford dá sim um frio na barriga. Uma instituição em que você respira conhecimento. Ficamos tão perto de tanta gente boa, daquelas que buscam constantemente o saber para criar soluções que, confesso, senti minhas sinapses até mais rápidas ou fazendo conexões mais interessantes.

Este curso que montamos tem um público bem heterogêneo. Dos ainda não-formados aos PhDs em educação. Tivemos a chance de nos conectar com diversas pessoas, vindas de diversas origens. E, apesar de ser um grupo sim seletivo – pela condição econômica –, há um ambiente multicultural, equilibrando a questão financeira e tornando a troca e o aprendizado ainda mais ricos.

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No primeiro módulo, a proposta de discussão e aprendizagem era: “Will AI help inclusive and special education?”. Nele, conversamos com dois empreendedores incríveis: o Thadeu Luz – CTO e founder da Hand Talk e Mariella Satow (SignUp). Ambos desenvolveram soluções para tradução de sites e vídeos para a lingua de sinais. Você sabia que a língua de sinais é a terceira mais usada nos EUA e a segunda no Brasil? Pois é, eu também não.

A Hand Talk é a maior plataforma de tradução automática para Línguas de Sinais do mundo. A Mariella tem 18 anos e criou a SignUP Captions como projeto de formatura no High School. Ela arrecadou US$1MM entre outras coisas, para automatizar sua plataforma com AI. A Hand Talk foi criada em Maceió 12 anos atrás e usa AI há algum tempo. Ambos são exemplo de como a tecnologia pode ser usada para funções diversas, em regiões distantes do mundo, endereçando questões relevantes e que melhoram a qualidade de vida de um número cada vez maior de pessoas.

Tanto o Thadeu, um brasileiro, quando a Mariella de 18 anos, foram ouvidos com atenção. Todos queria saber o que eles tinham para dizer. A melhor parte foi perceber que ninguém na classe desmereceu a ideia de ambos ou a intenção deles, ninguém tirou a importância da pauta, ninguém quis desmotivá-los… Todos ali estavam atentos ao que eles diziam e os acolheram, dando o devido respeito e crédito por suas conquistas.

Isto é aprendizado puro. Saber ouvir e dar feedback positivo são essenciais para se ter resultados em educação e, também, em VC. Não se constrói absolutamente NADA a partir de opiniões negativas e desmotivadoras. Para fazer ideias voarem alto, é necessário saber criar um ambiente motivador e de escuta positiva.

 
 
 
Questionar positivamente tudo e não desistir de fazer o melhor.

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O nosso objetivo com este curso é o de discutir o impacto de AI no saber. Além de nós três sermos apaixonados por empreendedorismo, educação e tecnologia, uma mesma pergunta não sai de nossas cabeças: será mesmo que a AI conseguirá reduzir a desigualdade social?

Até agora, ao contrário da tendência apresentada na maioria dos setores, a desigualdade aumentou, principalmente durante a pandemia. Entender o impacto de AI, trocar ideias e discutir minha tese de investimento em ecossistemas com o maior número de mentes brilhantes possíveis foi uma das razões de querer mergulhar nesse tema ainda tão contraditório, porém, mais do que nunca, necessário.

A Educação, como sabemos, ainda é muito politizada e há uma série de vieses que carregam negativamente o setor. Estar em uma instituição deste peso, ao lado de pessoas que buscam diariamente respostas sustentáveis para todos estes obstáculos, é o que me faz acreditar em toda a gama de possibilidades que podemos construir.

E temos um exemplo bem palpável para evidenciar isto. O Sassaki nunca desistiu de sua tese porque sabia que poderia entregar resultados surpreendentes. Apesar de todos os impasses, ele continuou. A consequência? 12 milhões de alunos impactados positivamente e 40 vezes de retorno para seus primeiros investidores. Sim, 40.

O caminho do VC se traduz perfeitamente neste caso acima. Como investidora, tenho a chance de contribuir teses que podem melhorar significativamente a vida de muitas pessoas e ainda receber um retorno muito além de qualquer outro tipo de alocação. E isto é o que me move. E é o que eu acredito.

Vamos juntos?

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